Drops da Flávia

E se sentir saudades de você faz com que eu me sinta mais frágil, faz com que me sinta mais viva também.

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Por que não acredito em amor à primeira vista? Porque não acredito que amor seja reconhecimento e sim, conhecimento. Intimidade. Porque acredito que o amor seja um sobrevivente - à rotina, aos defeitos, ao nosso lado B. Um insistente que nos vence pelo cansaço. Um descrente que, também vencido pelo cansaço, aceita segurar a nossa mão quando percebe que se entregar ainda vale a pena.

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Hoje me busquei no espelho e não me encontrei. E não me agradou ver quem estava ali, no meu lugar, eu que nem tinha percebido minha própria ausência.

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Amor não é, necessariamente, o que você sente. Amor é, essencialmente, o que você pratica.

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Contenha-se - alguém me diz.


Silencio.


[deixo que meu sorriso
lhe responda: não,
não conheço margem]


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Nunca poupo nem riso, nem fé, nem esperança, nem amor. E, deles, sempre tenho mais que o suficiente.

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Eu e minhas falsas tréguas comigo mesma.

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Quanto a você, Tempo que não existiu, eu ainda sinto sua falta. E lembrei de você quando cheguei em casa, sozinha, e cruzei a porta e também a cruzou um pedaço de saudade perdida, cansada das ruas, com medo de estranhos. Eu vou fechar as janelas e acolher minha sina num longo abraço. E vou deixar meu coração na esquina, cheio dos meus olhos, pra te ver passar.

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E cada um de nós se empenha tanto em procurar a pessoa certa, e quer tanto reconhecê-la em meio aos demais, que se esquece de se tornar a pessoa certa para si mesmo.

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Não, verdades não são relativas. Verdades são verdades. Relativo é o que fazemos com elas.

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A banalização de alguns comportamentos tem me dado a impressão de que insistir em permanecer correto está se tornando quase uma incivilidade.

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Amor só rima com dor enquanto a gente permite.

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Aí você submete toda a sua vida a uma revista mental para tentar descobrir o que fez de tão errado para merecer determinadas coisas. E, ao invés de se revoltar porque não merece, você respira fundo, vai em frente e até agradece, porque sabe que aí tem o dedo de Deus te fazendo passar por um treinamento que fortalecerá ainda mais o seu caráter.

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Não acredito nisso de amar muito ou amar pouco. A gente ama, e ponto. Ou não ama, e ponto. Não há como existir um meio termo: é como respirar. A gente respira ou não respira. E ponto.

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Já quis salvar o mundo. Hoje, reformuladas as ambições, convivo bem com o fato de que não tenho know-how nem pra garantir a minha própria salvação.

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Coerência - esse sujeito razoavelmente indeterminado, eventualmente oculto, raramente simples.


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Cheguei hoje naquele momento de cortar o cordão. Porque desapegar não é difícil. Difícil é reconhecer que é hora para isso.

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Todas as coisas que eu queria dizer virando esse silêncio que cabe no seu abraço. 

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Acontece que ninguém, absolutamente ninguém, tem sangue frio diante de uma paixão. A parte boa é que o coração se refaz, e as histórias, e os caminhos, e a vida. E nós.

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Se é amor, se não é, não me interessa. Interessa que meu coração acelera, e minhas mãos estremecem - e eu me sinto viva.

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A gente se extravia tanto do caminho nessa vida, tanto, que acaba se encontrando mesmo é nas perdas.


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Não consigo conceber alguém que queira mesmo viver e consiga manter os dois pés sempre no chão. Viver é se aventurar; não combina com precauções, nem previsões.


Contrariando todas as previsões - inclusive e principalmente as minhas próprias - tenho sobrevivido a mim mesma.

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Eu dedico cada uma das minhas vitórias, com todo carinho, àqueles que diligentemente ocupam seu tempo torcendo contra elas. Obrigada por contribuírem para que eu me supere a cada dia.

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E se apenas eventualmente for lembrar de mim, me esqueça. O que não é inteiro não me interessa.

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Daí que hoje eu penso que liberdade, mas do que se atirar de cabeça no que a gente quer, é não se deixar acorrentar por aquilo que a gente pode até querer, mas não nos serve

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Meu filho virando a casa do avesso, eu quase cortando o barato dele, ele olhando pra mim e abrindo um sorriso, "mãe!", eu amolecendo e sorrindo de volta. Coisa de quem pariu amor em forma de gente.

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Eu me amo demais para não me permitir errar de vez em quando.

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Um passo por vez. Mesmo que meu coração corra uma maratona por dia.

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Aquela sensação de que, embora não falte nada, falta.

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Não sou o tipo de pessoa que enlouquece de amor. Sou o tipo de pessoa que já acreditou que amava loucamente mas aprendeu que amor não enlouquece: sereniza.

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Tô indo. Sozinha. Não conto para onde. Não quero que essa coisa castradora chamada bom-senso me encontre.

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Sou uma santa pessoa. Sou. Tão santa que me perdoo todos os meus erros. Tão pessoa que não me privo de cometê-los.

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Só acredito (absor)vendo.

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Não fazer tantos planos, porque a vida não é de planos. A vida é de desencontrar.

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O que adoece a lucidez da gente é esse vício besta de procurar sentido em tudo. Pra quê? Deixa não fazer sentido. Deixa e vai lá fora viver.

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Tem jeito de chuva fininha em fim de tarde solar isso que eu sinto e que é meio saudade, meio vontade. Coisa mais linda.

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A gente anda tão dependente de relacionamentos que muitas vezes confunde estar apaixonado com querer estar apaixonado - por um medo irracional da solidão ou do preconceito subliminar que determina ser socialmente inaceitável estar só e ser feliz assim.

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